Artigos XXL: Cultura Europeia: Civilizados vs Selvagens
Cultura Europeia: Civilizados vs Selvagens
O processo de configuração da cultura europeia é uma adaptação / recriação da raiz greco-latina e judaico-cristã.
Civilizados vs Selvagens
A descoberta do Novo Mundo traz o contato com povos até então desconhecidos e a pergunta se estes pertenciam à humanidade, pois se o critério para tal era religioso, caberia perguntar se os povos descobertos eram possuidores de alma.
Duas posturas surgem diante do “outro”: a recusa do estranho e a fascinação do diferente. O homem do mundo civilizado achou bárbaro e exótico o que encontrou nas Américas: o homem do mundo selvagem. A Carta de Pero Vaz de Caminha é um dos primeiros exercícios de construção imagética do índio das terras brasileiras. O português descreve, ao rei, as belezas e as estranhezas dos indígenas: "a feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem coberta alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto". Os indígenas vivem sem invejas, sem ganâncias, sem moeda… Pero Vaz de Caminha vê os indígenas como crianças e com um traço da beleza clássica. O selvagem vira objeto de admiração, estes povos seriam capazes de nos ensinar a viver da solidariedade comunitária, situada na natureza.
Tal como afirmava Hesíodo: Primeiro de ouro a raça dos homens mortais / criaram os imortais, que mantêm olímpias moradas. /Eram do tempo de Cronos, quando no céu este reinava / como deuses viviam (…) longe de penas e misérias; nem temível velhice lhes pesava / (…) espontânea a terra nutriz, fruto trazia abundante e generoso… O cristianismo também fala da necessidade de voltarmos a um passado adâmico, de retornar ao Paraíso (perdido devido à sedução da serpente); a doutrina de Rousseau defende o reativar do convívio com a natureza em busca de uma pureza primitiva extraviada há séculos em meio à falsidade e à corrupção da civilização; para Karl Marx o objetivo final do movimento socialista, ao lutar para superar o capitalismo, era restabelecer a fraternidade humana original que existira no pretérito remoto, época do Comunismo Primitivo quando não havia propriedade privada nem a desigualdade social; Martin Heidegger enaltece o homem do bosque, o camponês como lídimos representantes do sangue e da terra da antiga Germânia; gente que ainda vivia sem eletricidade e cuja sabedoria ancestral, no entender dele, era superior a sabedoria do homem moderno. Enfim, o selvagem é o mais civilizado.
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Clicks: 1451 | Última atualização: 28/06/2014 às 13:51
Enviado por johnny em 28/06/2014 às 13:49
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